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segunda-feira, 8 de junho de 2015

A dificuldade de enraizar

O tempo de permanência no emprego 

Esta semana ao realizar algumas entrevistas de emprego com alguns jovens, percebi o quanto o mercado de trabalho mudou desde a minha época para cá, e eu estou falando de apenas quinze anos atrás.
Na década de 90, a primeira experiência de trabalho era bem diferente da realidade atual. Os jovens começavam a trabalhar no mercadinho da esquina de empacotador, vendendo picolés nas ruas, de ajudante na construção civil e de contínuo (office-boy), mas este último era para poucos, tinha que ser indicado por alguém da empresa.
Trabalhar com registro em carteira era privilégio, o desemprego era alto, economia ainda estava no processo de estabilização e o jovem não era a mão de obra desejada pelas empresas.
Lembro que um dia marquei com um amigo para procurar emprego pela manhã, sendo assim, no dia seguinte de posse dos Currículos fomos às agências de empregos “pegar” as filas em busca de uma oportunidade. No caminho, ele me perguntou sobre a minha experiência de trabalho com registro em carteira. Obviamente que era difícil naquela época conseguir emprego sem experiência, mas ele soltou uma frase do tipo desanimadora: “Ai fica difícil sem experiência”.
De fato, ele estava certo. As empresas priorizavam quem já tinha alguma experiência, por isso até os meus 19 anos trabalhei sem registro.
Atualmente o cenário é bem diferente. Tenho entrevistado jovens com frequência, e é preocupante a quantidade de registros em carteira de menos de um ano. Muitos registros de curta duração.
Tenho percebido que a média de permanência no emprego de jovens abaixo de 24 anos está em torno de um ano e meio por empresa. É uma característica desta geração que muda muito de emprego.
Antigamente se falava muito em criar raízes na empresa. O termo parece velho. Aliás, nem os da minha geração levam o termo tão a sério.
Trabalhar em várias empresas por períodos tão curtos, isto demonstra que este trabalhador está sem rota profissional, atirando para todo lado como cego em tiroteio.
Mas faço um alerta, hoje o mercado está para peixe, amanhã pode ser diferente. Jovens com tantas passagens rápidas por empresas prejudicam o próprio Currículo profissional. Não se especializa como deveria. Depois de tanto tempo no mercado de trabalho continua sem uma profissão definida por causa das aventuras no mercado de trabalho.
O IBGE começou a fazer este levantamento em 2002, e de lá para cá o Tempo de Permanência no Emprego vem caindo, a média do brasileiro está em torno de seis anos por empresa.
A tendência é que casos de empregados que se iniciam no mercado de trabalho e se aposentam na mesma empresa torne-se cada vez mais raros.
Trabalhadores que projetam carreira profissional em uma empresa são bem vistos pelos recrutadores e líderes corporativos. No entanto, é consenso que é uma espécie em extinção, poucos são os trabalhadores que desejam crescer profissionalmente no tempo ideal de trabalho designado pela empresa. A ansiedade por crescimento profissional e a questão salarial são os principais motivos que levam os trabalhadores mudarem de emprego.
Criar raiz é ter uma profunda identificação com a empresa e funcionários. Enraizar-se.

Ezequias Anacleto



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